Embora os registos da Taboadella datem de 1255, a pesquisa histórica revelou que a sua ocupação é bem mais antiga. Remonta ao século I com a herança de uma Villae Romana, à época uma propriedade da classe rural alta constituída por uma casa, uma adega e um celeiro a par de outras pequenas construções aconchegados por uma floresta mista de pinho, carvalho e castanheiro. Esta “Silvã”, ou floresta em latim, coincide com o nome da freguesia atual – Silvã de Cima - e indicia como esta comunidade agrícola foi perdurando no tempo.
A Villae traduz uma forma de organização que funcionava como um dos pilares de sustentação do Império Romano, cuja estratégia de ocupação incluía a plantação da vinha nas terras conquistadas do interior como forma de demarcação territorial e cultural, bem como uma forma de rendimento. Destes tempos são vários os vestígios arqueológicos que aqui se têm identificado, nomeadamente cerâmicas de construção (ímbrices e tegulas) e de uso quotidiano (sigillata hispânica), mós manuais, elementos arquitetónicos, uma placa funerária em granito onde se pode ler: L∙A(hedera?) ICO / ANN(orum) XXV ∙ H(ic) ∙ S(itus) ∙ E(st) e o lagar romano, um dos mais antigos vestígios de vinificação na região do Dão.
Construído junto à vinha e não longe do casario, o lagar no penedo monólito de natureza rupestre é um dos mais antigos vestígios históricos de tecnologia de vinificação no Dão, demonstrando a importância do vinho no salário militar e um produto estratégico naqueles tempos.
O Lagar da Taboadella é constituído por três componentes básicos: o piso, o pio e o prato.
Embora tenha chegado até nós bastante informação sobre os processos de vitivinicultura da época romana, permanecem algumas incógnitas sobre o tipo de tecnologia usada na prensagem, sendo mais comummente aceite a hipótese de prensagem por uma pedra grande.
A Taboadella situa-se na Silvã de Cima - atual concelho de Sátão, distrito de Viseu - que em tempos era uma pequena freguesia incluída na terra de Golfar, que foi doada a fidalgos cavaleiros e que mais tarde passou a pertencer à Ordem de Cristo e elevada a concelho, tendo recebido foral do rei D. Manuel, a 20 de agosto de 1504.
A propriedade parece ter sido muito apetecida por diversas famílias fidalgas ao longo do tempo, como comprova a pedra de armas do séc. XIX da família Azeredo e Albuquerque, que se avista ao longe na casa principal, rodeada por um jardim secular caraterístico de uma bonita e elegante casa de família do Dão da época.
Os registos encontrados com o nome de Taboadella são ainda mais antigos. Nos séculos XVII e XVIII “Taboadella” é mencionada no Cadastro da População do Reino mandado fazer por D. João III, em 1527. No entanto, a antiguidade da propriedade recua ainda até 1258 com a sua menção na Leitura Nova de D. Manuel I, nas Inquirições de D. Afonso III.